quarta-feira, 26 de novembro de 2008

OCDE prevê recessão longa e desemprego


OCDE prevê recessão longa e desemprego
26/11/2008
As economias dos países da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) devem registrar retração de 0,4% em 2009, conforme relatório divulgado pela entidade em Paris. O cenário é bem pior do que o esperado pela entidade anteriormente, quando previa alta de 1,7% do PIB das 30 nações que formam a organização. "Muitas economias da OCDE já entraram ou estão à beira de uma prolongada recessão de magnitude não vista desde o início da década de 1980", diz a organização.Conforme a entidade, a economia dos Estados Unidos terá queda de 0,9% no próximo ano, enquanto o Japão (-0,1%) e a zona do euro (-0,6%) também registrarão desempenhos negativos. Como conseqüência, o número de desempregados na área pode se elevar em 8 milhões nos próximos dois anos, dos atuais 34 milhões para 42 milhões. A inflação não só deve ceder como alguns países enfrentarão o risco, ainda que pequeno, de deflação.A OCDE destaca que o relatório sobre as perspectivas econômicas representa uma significativa revisão para baixo na comparação com poucos meses atrás - o documento anterior foi divulgado em junho. "A turbulência financeira que emergiu nos Estados Unidos em meados de 2007 passou a incluir instituições não-financeiras e rapidamente se espalhou para o resto do mundo", diz o relatório.Para a organização, a resposta política rápida para restaurar a confiança e estimular a liquidez parece ter limitado o período de pânico de maneira bem-sucedida. Mas a necessidade de menor alavancagem nas instituições permanece. Nesse cenário, os principais países de fora da OCDE, como o Brasil, também estão desacelerando em razão do efeito combinado do aperto de crédito, da demanda mais fraca das nações desenvolvidas e da queda das commodities. No entanto, nesses casos, a desaceleração ocorre a partir de níveis elevados de crescimento.A OCDE avalia que são necessários novos estímulos macroeconômicos para impedir uma desaceleração ainda mais profunda. "Em tempos de normalidade, é a política monetária, e não a fiscal, que deve ser o instrumento escolhido para a estabilização macroeconômica", diz o relatório. "Mas este não é um período de normalidade."Para a organização, a situação de extremo estresse financeiro enfraqueceu o mecanismo de transmissão monetária e, além disso, alguns países têm pouco espaço para reduções de juros.Crescimento do Brasil vai cair para 3% em 2009O crescimento econômico do Brasil vai cair para 3% no próximo ano, quase a metade do avanço de 5,3% a ser registrado em 2008, prevê a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), em relatório divulgado em Paris. "A atividade deve perder ímpeto no primeiro semestre de 2009, devido ao atual aperto de crédito, mais vai recobrar a força perto do final do ano e em 2010", afirma o documento da entidade. Segundo a OCDE, o crescimento do PIB, ainda que menor, continuará sendo puxado pela atividade doméstica."A economia não ficou imune à deterioração do ambiente financeiro global", nota a organização ao citar o aumento do risco, a queda do mercado de ações, a desaceleração do crédito e as medidas adotadas pelo Banco Central para estimular a liquidez. Para a OCDE, o maior risco para a economia brasileira é uma piora mais expressiva das condições externas. "Novas quedas no preço das commodities podem aumentar as preocupações dos participantes do mercado sobre a resiliência das contas externas do Brasil, especialmente em um ambiente de maior aversão."A organização acredita que a performance fiscal do País tem sido sólida, com superávit primário ao redor de 4,4% do PIB em 12 meses até agosto. Dessa forma, as metas devem ser atingidas. Mas os gastos com a folha de pagamento do governo estão subindo e o orçamento de 2009 pode implicar alta dos investimentos. "Reverter a tendência de crescimento dos gastos públicos está entre os principais desafios políticos do Brasil."Governo americano revisa para baixo retração no 3º trimestreOs gastos dos consumidores nos Estados Unidos, que correspondem a 70% da atividade econômica do país, foram revisados em baixa para uma queda de 3,7% no terceiro trimestre, em comparação ao declínio de 3,1% estimado anteriormente. A queda subtraiu 2,69 pontos percentuais do Produto Interno Bruto (PIB) no período, que registrou o declínio mais acentuado em 7 anos.A economia norte-americana teve retração na taxa anualizada de 0,5% no terceiro trimestre, maior queda desde o declínio de 1,4% registrado no terceiro trimestre de 2001, de acordo com o Departamento do Comércio. As compras de bens de consumo duráveis - produtos projetados para durar por, no mínimo, três anos - caíram 15,2% de julho a setembro, ante queda de 14,1% estimada anteriormente e declínio de 2,8% no segundo trimestre. Os gastos com bens de consumo não-duráveis recuaram 6,9%, enquanto os gastos com serviços permaneceram inalterados.Os gastos das empresas recuaram 1,5% no terceiro trimestre, em comparação a um declínio de 1% estimado anteriormente. No segundo trimestre, os gastos subiram 2,5%. Os investimentos em estruturas subiram 6,6% no terceiro trimestre, enquanto os investimentos em equipamentos e softwares recuaram 5,7%.O lucro das empresas depois dos impostos caiu 3% no período, para US$ 1,302 trilhão, após recuar 0,4% no segundo trimestre e 7,7% no primeiro trimestre. Em comparação ao mesmo trimestre do ano passado, o lucro caiu 9,9%. O relatório mostrou que os estoques das empresas caíram US$ 29,1 bilhões no terceiro trimestre. Na estimativa anterior, a queda foi projetada em US$ 38,5 bilhões.Projeção de crescimento, em %País 2008 2009 2010Brasil 5,3 3,0 4,5França 0,9 -0,4 1,5Alemanha 1,4 -0,8 1,2Itália -0,4 -1,0 0,8Japão 0,5 -0,1 0,6Coréia do Sul 4,2 2,7 4,2Reino Unido 0,8 -1,1 0,9EUA 1,4 -0,9 1,6Rússia 6,5 2,3 5,6China 9,5 8,0 9,2

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