sábado, 19 de julho de 2008

Fim do imposto

O governo da Argentina anunciou nesta sexta-feira (18) que anulou o controverso imposto variável sobre as exportações de grãos que enfureceu o setor rural e deixou em crise a administração da presidente Cristina Kirchner.
A medida, que gerou mais de quatro meses de fortes protestos do setor agropecuário e foi rechaçada pelo Congresso, será anulada, e a alíquota sobre as exportações de soja --principal cultivo do país-- voltarão aos 35% vigentes até março, quando foi aplicado o novo imposto.
O novo decreto vai entrar em vigor na próxima segunda-feira. Segundo ele, a taxação sobre soja, trigo, milho e girassol voltam ao patamar de novembro de 2007 - 35%, 28%, 25% e 23%, respectivamente.
O texto da medida, assinada por Cristina, defende o aumento de impostos e questiona as propostas do setor agrário, a quem acusa de ter feito um 'locaute' violento que deu início a uma 'escalada de bloqueios de rodovias, desabastecimento e agressões'.
'Talvez mais adiante' seja enviado um novo projeto ao Congresso, disse à Reuters o chefe de gabinete, Alberto Fernández, após anunciar a medida.
Na madrugada de quinta-feira, Cristina sofreu no Senado uma estrondosa derrota política que põe em xeque a maneira como ela e seu marido governaram o país nos últimos cinco anos.
A vitória foi comemorada nas regiões onde o movimento ruralista esteve mais forte. A estratégia do governo de mandar o projeto para o congresso e aprová-lo com a maioria deu certo na câmara dos deputados, mas não funcionou no Senado.
Era madrugada quando o placar apontou 36 votos contra e 36 a favor. O voto de minerva coube ao presidente do Senado, que pela lei Argentina é o vice-presidente da república. Julio Cobos votou contra o projeto e pediu que a história o julgue. Ele disse que não pensa em renunciar e negou conspirar contra o governo de Cristina.
Foi a maior derrota política do casal Kirchner nos últimos cinco anos na avaliação de analistas e jornalistas políticas. Para os especialistas, mais do que um simples projeto de lei, o que foi derrotado no Senado foi um estilo ultrapassado de fazer política.
Para o analista Pascual Albanese, a derrota da madrugada de quinta abalou a estratégia de concentração de poder político de Nestor e Cristina. Segundo ele, a crise política aberta com o episódio pode se aprofundar se o governo não entender a mensagem enviada pela sociedade, em especial o setor agropecuário.
Na noite desta quinta, na província do Chaco, ao norte do país, a presidente Cristina Kirchner falou pela primeira vez depois da derrota. Sem citar o nome do vice-presidente e nem a derrota, a presidente disse que é vítima de deslealdades, mas que vai

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