quinta-feira, 3 de janeiro de 2008

Governo reinventa CPMF elevando IOF

Viviane Monteiro brasília
Três semanas depois de negar que haveria aumento de impostos por causa do fim da cobrança da Contribuição Provisória sobre Movimentação Financeira (CPMF), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva deixou na conta do ministro da Fazenda, Guido Mantega, o anúncio de aumento das alíquotas de dois tributos e revoltou a oposição, que promete vingança na votação do Orçamento।
O governo apresentou a elevação de duas tarifas para compensar a perdas de R$ 40 bilhões com a não aprovação do chamado imposto de cheque. O pacote de medidas prevê receita de R$ 30 bilhões anuais. Desse valor, R$ 10 bilhões virão dos aumentos do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF), para pessoa física e jurídica, e da Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL) para o sistema financeiro. O ministro da Fazenda calculou que o aumento da arrecadação tributária - R$ 8 bilhões serão arrecadados do reajuste do IOF e R$ 2 bilhões dos bancos - representará "apenas" 25% dos recursos que seriam obtidos com a CPMF neste ano.
Os R$ 20 bilhões restantes, disse Mantega, serão provenientes de um corte a ser feito nas despesas de custeio e de investimento dos três poderes: Executivo, Legislativo e Judiciário. Mas deixou para fevereiro o anúncio do detalhamento desses cortes.
- Todos (os poderes) terão que apertar o cinto - declarou Mantega, no auditório do ministério da Fazenda, ao anunciar as medidas juntamente com o Ministro do Planejamento, Paulo Bernardo.
PAC poupado
Sem querer dar dicas de quais seriam os setores mais prejudicados com a economia de R$ 20 bilhões, o ministro Bernardo disse o que governo vai preservar, principalmente, os recursos sociais e do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC).
- O corte vai se concentrar mais nos investimentos, até porque não vamos fazer cortes nos gastos sociais - frisou. - Isso não quer dizer que vamos deixar os custeios imunes.
Consta na proposta orçamentária para 2008, segundo informa Bernardo, R$ 30 bilhões para serem investidos neste ano, dos quais R$ 18 bilhões são do PAC.
De acordo com o ministro, o corte deve impedir novos reajustes para os servidores públicos. E o governo deve reavaliar a idéia de realizar alguns novos concursos públicos. Segundo Bernardo, não haverá redução nos gastos para a saúde pública e educação.
- Havia a solicitação de adicional de recursos para saúde na Emenda 29, mas ela foi prejudicada com o fim da CPMF. Mas isso será tema de debate no Congresso.
Assim como os recursos do PAC, Bernardo afirma que as verbas aplicadas na saúde pública serão mantidas em R$ 47 bilhões em 2008, valor que pode ser corrigido pela variação do crescimento do Produto Interno Bruto (PIB).
Crescimento
O governo aposta na manutenção do aquecimento econômico para compensar os valores restantes do chamado imposto de cheque.
- O (dinheiro) que faltar será obtido pelo crescimento da economia, pois o aumento de 4,7% do PIB para 2007 ficará entre 5,2% e 5,3%. Isso vai refletir em mais arrecadação tributária - disse o ministro da Fazenda.

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