sexta-feira, 14 de dezembro de 2007

O que esperar do mercado até o fim do ano

ESTÁ NO BLOG DO CLÁUDIO GRADILONE

A pequena notícia ruim da quinta-feira - a derrota do governo na votação da CPMF - mascarou a notícia REALMENTE ruim da quinta-feira, que foi o agravamento dos problemas bancários nos Estados Unidos e o fato de a intervenção orquestrada por bancos centrais de cinco países importantes ter tido um desempenho pífio. Isso faz com que os investidores americanos, que são quem de fato determina o humor do mercado por aqui, queiram comprar menos ações brasileiras, com efeitos sem dúvida negativos sobre as cotações.

Acrescido a isso, estamos chegando nos últimos dias de 2007. Esse fato "gregoriano" traz um agravante em termos de volatilidade do mercado. Gestores de grandes fundos de investimento internacionais têm de encerrar 2007 no azul, de modo a garantir seus bônus para o ano.

No geral, 2007 foi bom: quem apostou corretamente na alta das ações em Wall Street e na queda do dólar em relação ao euro desde o início do ano garantiu a troca do iate no próximo verão – os bônus costumam ser pagos em março. Por isso, a ordem agora é evitar ao máximo o risco e impedir que os bons resultados obtidos entre janeiro e novembro sejam ofuscados por uma idéia ruim no fim do ano. Na prática, isso se traduz em uma fuga generalizada do risco até o início de 2008, pelo menos. Nada de comprar ações de países emergentes e sem grau de investimento como o Brasil, por exemplo.

O que tudo isso quer dizer? Há poucas expectativas positivas para a bolsa nos próximos dias. As ações estão baratas comparadas com suas cotações máximas, mas nada garante que elas vão voltar a subir nos próximos dias.

Os juros, por sua vez, estão exibindo retornos bastante apetitosos. Quem tiver apetite para aplicações de longo prazo pode escolher um Certificado de Depósito Bancário com dois anos de prazo, por exemplo: no pior momento desta quinta-feira, os contratos futuros de juros da Bolsa de Mercadorias e Futuros com vencimento em janeiro de 2010 rendiam 12,72% ao ano, uma taxa equivalente a quase 110% do CDI. Um excelente prêmio para quem escolher uma instituição financeira de boa cepa.

Por isso, a recomendação mais valiosa para quem pensa no que fazer com as duas semanas que restam de 2007 é evitar o risco e aproveitar as taxas mais gordas para travar uma rentabilidade em 2008 e 2009. Os prognósticos para a bolsa são bons no longo prazo (quando, segundo o economista John Maynard Keynes, estaremos todos mortos), mas a trajetória dos próximos meses causará choro e ranger de dentes nos investidores desavisados.





Publicado em 13/12/2007 - 21:58


comente O susto da inflação americana


O PPI - Producer Price Index, índice que mede a inflação no atacado nos Estados Unidos - subiu 3,2% em novembro, ante previsões dos analistas de 1,7% Foi a maior alta desde agosto de 1973.

O que pressionou os preços no atacado americano para cima foi o aumento dos preços da energia, em especial a alta do petróleo. Em 12 meses, o PPI subiu 7,2%, maior percentual desde os 12 meses findos em novembro de 1981.

Os responsáveis por essa alta foram os preços dos combustíveis. No atacado, os preços da gasolina avançaram 34,8% em novembro, comparados com o mês anterior. Em geral, a energia subiu 14,1%.

O temor com relação a uma possível alta dos juros, acrescido aos maus resultados financeiros dos principais bancos americanos estão pressionando os preços para baixo em Wall Street, com resultados obviamente negativos sobre o mercado local.




Publicado em 13/12/2007 - 21:25


comente O fim da CPMF agita o mercado


Não há como não comemorar o fato de que, pela primeira vez em muito tempo, o Parlamento tenha posto um freio à voracidade arrecadatória do governo. Pode ter sido pelos motivos errados - briga política, em vez da defesa dos interesses do cidadão - mas o fato é que a CPMF deverá deixar de ser cobrada no ano que vem.

E agora? Em um primeiro momento, essa é uma decisão ruim para o mercado. Por três motivos:

- reduz a folga financeira do governo e, em última análise, a governabilidade. O presidente Luis Inácio LUla da Silva ainda tem mais três anos inteiros de mandato antes de entregar a faixa ao sucessor, e agora terá de lidar com a realidade de uma oposição parlamentar revigorada pela vitória desta madrugada. Mais trabalho para o governo, decisões mais emperradas, o que é ruim para a economia e para os ânimos dos investidores.

- retira do Estado (não apenas do governo) uma importante ferramenta conta a sonegação fiscal, o que abre mais espaço para irregularidades.

- finalmente, abre espaço para a elevação de outros tributos. Já se fala na elevação de alíquotas do Imposto sobre Produção Industrial (IPI), da Constribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL) e do Imposto Sobre Operações Financeiras (IOF). Você não pensou que o governo iria reduzir seus gastos, não é? Ah, pensou? Tsc, tsc, tsc...

Por tudo isso, haverá um momento de tensão no mercado, que teme qualquer mudança em suas expectativas. Mas deverá ser uma turbulência de curto prazo. Por que? Leia o post abaixo.




Publicado em 13/12/2007 - 08:59


comente comentários Os bons números do PIB


O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística informou ontem que o Produto Interno Bruto (PIB) - que representa a soma de todos os bens e serviços que existem na economia brasileira - deve crescer mais de 5% em 2007, representando o melhor resultado em vários anos.

Mais do que apenas um número, o PIB divulgado ontem mostra dois pontos muito positivos.

- o aumento dos investimentos em produção, depois de vários anos em que as empresas apenas repunham o capital investido e faziam investimentos mínimos, temendo as crises econÔmicas.

- o crescimento de um mercado interno. Nada é mais benéfico para a economia de um país do que o avanço de um mercado consumidor doméstico. É isso que estimula as empresas a produzir, aumenta a renda e o emprego e oferece oportunidades de desenvolvimento econômico aos cidadãos.

Tudo isso deverá auxiliar a bolsa no longo prazo, compensando - mas não agora - a turbulência com relação à perda da CPMF.




Publicado em 13/12/2007 - 08:58

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